SÃO LUÍS - A internacionalização das empresas maranhenses estará em pauta nesta sexta-feira, 18, na Casa da Indústria Albano Franco, sede da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA), das 8h às 18h. A entidade promove pela primeira vez o curso “Planejamento Estratégico para Exportação”, voltado aos micro, pequenos e médios empresários maranhenses interessados em exportar, mas que ainda não sabem como se inserir no comércio exterior.
Para participar da capacitação é preciso preencher o formulário disponível no site www.fiema.org.br (clicar no banner), realizar o pagamento do valor do curso e confirmar a inscrição junto à FIEMA.
A realização é da FIEMA, por meio de seu Centro Internacional de Negócios (CIN-MA), e a iniciativa é fruto da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e Sebrae Nacional, fruto do Projeto Inserção Internacional Competitiva de Pequenos Negócios (Inseri), que tem foco na internacionalização das empresas brasileiras, com o desenvolvimento de ações que promovam o fomento do comércio internacional.
Para a consultora da CNI, Deise Quevedo Bastos, que ministrará o curso em São Luís, o mercado externo pode ser uma alternativa extremamente viável para as empresas que desejam aproveitar este momento de crise para começar a atuar no comércio exterior. (Leia abaixo entrevista completa).
CURRÍCULO - Deise Bastos é graduada em Administração de Empresas com habilitação em Comércio Exterior, pós-graduada em MBA Gestão de Projetos, despachante aduaneira credenciada junto à Receita Federal desde 1998, com larga experiência em registros via SISCOMEX, incluindo Licenças de Importação, Drawback, Registros de Exportação, Declarações de Importação, classificação fiscal de mercadorias, transporte internacional, logística, anuências junto aos ministérios e órgãos competentes e estudos para a redução da carga tributária.
ENTREVISTA
1. Estamos vivendo um cenário de recessão econômica que, combinada com o aumento da inflação, o desequilíbrio das contas públicas e a crise política, minou a confiança dos empresários. Então, por que este é considerado um bom momento para exportação?
R: Porque esta crise diz respeito ao mercado interno. O mercado externo encontra-se em um momento estável, com vários países apresentando crescimento do PIB. Além disto, o mercado externo pode ser uma alternativa extremamente viável para as empresas que desejam aproveitar este momento de crise para começar a atuar no comércio exterior. Contudo, estas empresas devem entender que o mercado externo não deve ser encarado como uma alternativa apenas para momentos de crise, é importante que entendam que para se consolidar uma posição neste, há a necessidade de se ter persistência, profissionalismo e qualificação. Qualidade não é uma diferenciação, é uma obrigação, uma questão de sobrevivência.
2. Negociação de tratados internacionais que favoreçam investimentos no exterior é apontada pela CNI como uma das soluções para economia brasileira sair da crise. Como o baixo número de acordos comerciais do Brasil dificulta a internacionalização das nossas indústrias no comércio exterior?
R: Os acordos comerciais representam um ganho para o importador, que ao importar de um país que possui algum tipo de acordo comercial com o seu possui uma redução ou isenção do imposto de importação. Em outras palavras, em uma condição de igualdade, se torna mais barato para o importador comprar de um país que possui acordo comercial com o seu.
Ocorre que o Brasil possui um número muito limitado de acordos comerciais e, por vezes, nossos exportadores acabam perdendo competitividade. Em uma era onde se negociam cents de dólar, qualquer detalhe pode inviabilizar uma operação.
3. O estado do Maranhão é o segundo maior exportador do Nordeste, entretanto, possui sua balança comercial altamente concentrada em poucas empresas exportadoras e pouco diversificada na sua pauta de exportação. Qual seriam suas sugestões para que possamos alterar este cenário atual em nosso estado?
R: Primeiramente buscar desmistificar o mercado externo na cabeça dos empresários, mostrar que não há necessidade de ser uma megaempresa para exportar. Em segundo lugar, capacitar estes empresários, muito do medo vem da falta de informação. Em terceiro lugar iniciar um programa focado no desenvolvimento da mentalidade exportadora, trabalhando a competitividade, inovação e diferenciação, estimulando e provocando os empresários a buscarem alternativas de produtos ou subprodutos exportáveis.
4. Quais os primeiros passos para o micro e pequeno empresário internacionalizar a sua empresa?
O fundamental é se capacitar. Sem buscar informações e capacitações, o comércio exterior será uma aventura, não uma ação planejada. O passo seguinte é buscar uma diferenciação, algo que possa lhe agregar valor, para que ele não tenha que competir por preço. Por último sugiro que ele busque ajuda de entidades de apoio como o Centro Internacional de Negócios – CIN.
5. Na sua opinião, o que é necessário para implantar no Brasil, definitivamente uma cultura exportadora?
Primeiramente simplificar os processos de exportação para as micro e pequenas empresas, em seguida desmistificar o mercado externo junto aos empresários, e em terceiro lugar criar mais programas de capacitação, motivação e estímulo as exportações. A criação de um selo de qualidade exportadora pode ser uma alternativa interessante e viável.