SÃO LUÍS - São Luís, capital do Maranhão, conheceu, na noite de quinta-feira, 7 de abril, uma experiência inovadora e bem sucedida de como se tornar uma cidade modelo de gestão a partir de ações propostas pelos seus próprios moradores. A fórmula foi repassada pelo ex-prefeito de Maringá, Sílvio Barros, durante o seminário O Futuro da Minha Cidade, promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e o Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Maranhão (Sinduscon-MA) em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), Governo do Estado, Prefeitura de São Luís e Sebrae-MA.
O local de realização do evento não poderia ter sido melhor: o Grand São Luís Hotel, localizado no Centro Histórico da cidade, conhecida pelo seu rico acervo de casarões coloniais, que inclusive lhe rendeu o título de Cidade Patrimônio da Humanidade. O público também não poderia ter sido mais representativo: estudantes, profissionais liberais, empresários, vereadores, deputados estaduais, juízes de Direito, prefeitos, reitor de universidade, secretários de governo, dirigentes de entidades de classe e de instituições e pessoas de várias comunidades que lotaram o salão para ouvir sugestões de como se planejar para ter uma cidade melhor no futuro e qual o papel de cada um - sociedade e gestores – para que se alcance êxito.
A mesa do debate foi composta por Sílvio Barros; o presidente do Sinduscon-MA e vice-presidente da Cbic, Fábio Nahuz; o presidente da Fiema, Edilson Baldez; a secretária de Estado das Cidades e Desenvolvimento Urbano, Flávia Alexandrina Moreira e o secretário municipal de Urbanismo e Habitação, Diogo Lima. O vice-presidente da Fiema, José Orlando Soares Leite também participou do debate.
De acordo com Sílvio Barros, a fórmula é simples e se resume em: ouvir, planejar, gerenciar e continuar. “O futuro da cidade começa pelo cidadão. Ele tem que escolher entre ser o protagonista ou refém da mudança. Está nas mãos dele a cidade que quer viver e um ponto importante é atentar para o fato de que o prefeito passa e os cidadãos ficam. O futuro é previsível. Basta nos perguntarmos: que tipo de cidade a gente quer ter daqui a 20 anos? Que ações teremos que realizar hoje para que isso se torne realidade? Temos que lembrar que a gestão municipal é um bloco de quatro anos e a sociedade fica. São os cidadãos que têm que decidir o que querem e os gestores se encaixarem no que eles propõem. Não dá para funcionar de forma inversa”, afirmou ele.
E a conversa com o público foi longa. Outras dicas foram repassadas e depois da palestra, os presentes participaram com perguntas e sugestões. O projeto O Futuro da Minha Cidade, que a Cbic tem levado para vários municípios, com apoio de Sinduscons e autoridades locais, foi bastante elogiado pelo público, que, ao final do evento, assinou a lista dos apaixonados por São Luís. Todos eles deverão ser chamados para uma reunião na qual deverá ser feito o planejamento das ações a serem propostas aos gestores para a capital maranhense.
Iniciativa louvável - Para Fábio Nahuz, a iniciativa da Cbic é louvável e precisa ser disseminada, por isso, apoia o projeto. “Esse tipo de encontro que estamos tendo aqui é de extrema importância para planejarmos o futuro da nossa cidade, pois aqui temos gestores públicos e sociedade civil organizada debatendo e buscando soluções conjuntas para o desenvolvimento de São Luís”, afirmou.
Na opinião do presidente da Fiema, Edilson Baldez, a experiência exitosa de Maringá de aproximar poder público e sociedade precisa mesmo ser levada ao conhecimento da sociedade brasileira. “Um depende do outro, moram na mesma cidade, então, nada mais certo do que sentarem e discutirem o que é melhor para todos. Toda cidade pode melhorar, só depende de como a tratamos”, sentenciou.
O secretário Diogo Lima disse que esse tipo de roda de conversa entre gestores e sociedade é fundamental para a administração municipal ter embasamento sobre o que querem seus cidadãos. “As cidades são feitas de pessoas e para pessoas, que precisam de qualidade de vida, emprego e outros questões que precisam ser planejadas e executadas de forma que cidade chegue ao nível ideal para todos. Esse tipo de evento oportuniza a troca de ideais e que cada um conheça a realidade e planeje o que pode ser feito para que se obtenha as melhorias desejadas”, disse.
A secretária Flávia Alexandrina disse que a continuidade das ações é, realmente, o caminho para que ideias como a proposta pelo projeto O Futuro da Minha Cidade obtenham êxito. “Nós, do Governo do Estado, estamos abertos e dispostos a colaborar, inclusive, essa troca de ideias já é uma ação que adotamos com a prefeitura de São Luís e tem dado muito certo no planejamento e execução de ações na cidade. Ouvir o cidadão só enriquece nossas ações”, afirmou.
Para o juiz de Direito Alexandre Abreu, titular da 15ª Vara Civil da Comarca de São Luís, eventos desse tipo são uma verdadeira convocação da sociedade e é necessário para que os gestores recebam respostas da população. “É a cidade externando o que a administração precisa fazer para melhorar a cidade e uma das primeiras ações para isso é a identificação das necessidades e depois a execução das ações. Essa parceria entre gestão e cidadãos é extremamente importante”, afirmou.
O evento atraiu também o mototaxista Ernildo Silva, que viu nele a oportunidade de expressar seu desejo de melhorias para o bairro onde mora, a Vila Fialho. “Quando soube desse seminário, logo me programei para participar, pois é um assunto interessante para a sociedade, que precisa se organizar melhor para discutir com o prefeito e cobrar melhorias para nossa cidade. Tenho conversado muito isso com meus companheiros e vim aqui aprender um pouco como se faz para mudar a situação atual”, afirmou.
Estudantes de Engenharia Civil como Madson Medrano e Nayron Fontinele também entenderam o objetivo do seminário e participaram. “Achei muito interessante o evento, pois mostrou como a gente pode melhorar a nossa cidade a partir de uma experiência de sucesso. Se a gente puder chegar pelo menos próximo do que conseguiram em Maringá, já valeu o evento”, disse Madson. “Ainda estamos estudando, mas já podemos contribuir com a melhoria da cidade, por isso viemos participar. È um projeto muito interessante”, completou Nayron.