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“Inteligência artificial deve ser vista como uma alavanca de lucratividade”


Data: 12 de setembro de 2025
Crédito: Coordenadoria de Comunicação e Eventos do Sistema FIEMA
Fotos: Divulgação
Fonte da notícia: Coordenadoria de Comunicação e Eventos do Sistema FIEMA

Como a inteligência artificial vai impactar na lucratividade e produtividade de uma empresa? A pergunta será respondida já no primeiro dia de palestras da Expo Indústria Maranhão pelo economista e escritor Samy Dana, que abrirá as atividades no espaço Plenarium, no dia 3/10. A Expo Indústria Maranhão é realizada pelo Sistema FIEMA (SESI, SENAI, IEL, CIEMA e Federação) e pela CNI, com correalização do Sebrae/MA e Governo do Estado.

Dana tornou-se uma referência nacional nos últimos anos na relação entre IA e economia. Com mestrado em economia, doutorado em administração e Ph.D. in Business, ele tem mais de 15 anos de experiência em consultorias e apresentação de palestras. É autor de vários livros ligados a finanças, economia e negócios. Samy Dana conversou com nossa equipe de reportagem e fez uma extensa análise de problemas como o impacto da inteligência artificial na economia, ganhos de competitividade e lucratividade e sobre sua expectativa para se apresentar na Expo Indústria Maranhão 2025. Confira.

 

Prof. Dana, o desenvolvimento e a popularização da inteligência artificial já são considerados o prelúdio de uma grande revolução. Porém ainda temos um conhecimento muito limitado sobre o tema. Pode explicar para a gente sobre as potencialidades da IA no campo da economia?

Samy Dana - A inteligência artificial (IA) de hoje vai muito além de um chatbot como o ChatGPT. Trata-se de um conjunto abrangente de tecnologias (aprendizado de máquina, visão computacional, robótica etc.) com potencial transformador em praticamente todos os setores econômicos. Muitos especialistas comparam o impacto da IA ao das maiores revoluções tecnológicas do passado, como a eletricidade ou a máquina a vapor. Do ponto de vista econômico, isso significa ganhos enormes de produtividade, eficiência e insights antes inimagináveis. Projeções recentes indicam, por exemplo, que a IA pode acrescentar cerca de US$ 15 a 20 trilhões à economia global até 2030, elevando significativamente o PIB mundial. Esse acréscimo viria principalmente do aumento de produtividade. Estimativas variam, apontando para ganhos médios de 45% a 50% na produtividade, podendo chegar até 70% em alguns casos em que a IA é aplicada agressivamente.

 

Isso significa que o impacto da IA vai para muito além da questão tecnológica?

Samy Dana - Em outras palavras, estamos diante de uma tecnologia de propósito geral (general purpose technology) capaz de catalisar uma nova onda de crescimento econômico global, tal como foi com a eletrificação no século XX. No campo da economia, as aplicações da IA são vastas. Nas finanças, algoritmos de machine learning já são usados para detectar fraudes em tempo real e para otimizar carteiras de investimento. No varejo e marketing, modelos de IA analisam o comportamento de consumidores para personalizar ofertas e prever demandas, aumentando as vendas e evitando desperdícios de estoque. Na saúde, sistemas inteligentes auxiliam diagnósticos e descobertas de novos medicamentos. Na agricultura, a chamada agroTech emprega IA para monitorar plantações via sensores e satélites, otimizando o uso de insumos e elevando a produtividade agrícola. Sob a ótica macroeconômica, essas inovações elevam a eficiência agregada da economia – menos recursos naturais e financeiros são desperdiçados, enquanto a produção de bens e serviços aumenta. Importante: boa parte desses avanços ocorrem simultaneamente em diversos países, de modo que quem investir mais cedo em IA tende a ganhar vantagem competitiva. Países e empresas que lideram a adoção de IA podem aumentar sua participação de mercado e produtividade, enquanto aqueles que ficarem para trás podem ver uma perda relativa de dinamismo econômico.

 

Nos últimos anos, diversas indústrias têm buscado automatizar e otimizar etapas da cadeia produtiva por meio da IA. Como o setor produtivo brasileiro, em especial, tem reagido a essa tendência?

Samy Dana - No setor industrial, a recepção à IA vem evoluindo de uma curiosidade inicial para uma adoção cada vez mais ampla e estratégica. Se alguns anos atrás falar em IA na fábrica soava como algo restrito a multinacionais de ponta, hoje vemos até pequenas e médias indústrias brasileiras incorporando IA no dia a dia. Há casos de fábricas de móveis, alimentícias e têxteis usando algoritmos para prever demanda de produtos, evitar falhas em máquinas e otimizar linhas de montagem. Essa mudança de atitude reflete um aprendizado importante: tecnologia não é mais vista como mero custo, mas como investimento com retorno tangível. As empresas que abraçaram cedo a IA colhem resultados notáveis, como menos desperdício de materiais, mais agilidade nos processos e decisões mais bem embasadas em dados.

 

O que isso significa do ponto de vista dos investimentos?

Samy Dana - Do ponto de vista quantitativo, estudos mostram uma rápida difusão da IA na indústria. Segundo a IDC Brasil, o investimento em soluções de IA no setor industrial brasileiro deve ultrapassar R$ 3 bilhões até 2026, crescendo a uma taxa anual composta de 24% ao ano. Além disso, uma pesquisa da Microsoft em parceria com a Fundação Dom Cabral revelou que 64% das empresas industriais brasileiras já estão em fase de adoção ou expansão de projetos de IA. Esses números deixam claro que não estamos falando de um futuro distante, mas de uma transição em curso agora mesmo nas plantas fabris. A receptividade positiva vem do fato de a IA se provar útil em diversas frentes produtivas: manutenção preditiva (evitando paradas não planejadas), controle de qualidade automatizado (inspecionando produtos em milissegundos), robôs inteligentes trabalhando ao lado de humanos (cobots), otimização de rotas logísticas, gestão de estoque inteligente, entre outros.

 

Quais seriam os primeiros passos estratégicos que um gestor deve considerar para introduzir IA em sua operação, de modo a garantir ganhos reais de competitividade e lucratividade?

 

Samy Dana - Para o empresário, a inteligência artificial deve ser vista como uma alavanca concreta de lucratividade, seja aumentando receitas ou reduzindo custos. Existem três grandes frentes em que a IA pode impactar positivamente os resultados de uma empresa: eficiência operacional, tomada de decisão inteligente e inovação em produtos/serviços. Eficiência operacional e redução de custos: a IA permite otimizar processos produtivos de ponta a ponta, o que reduz desperdícios, retrabalho e tempo ocioso. Outro exemplo vem do controle de qualidade automatizado: sistemas de visão computacional inspecionam produtos na linha de montagem em alta velocidade, garantindo padrões estritos sem precisar aumentar o quadro de inspetores humanos. Há ainda ganhos em eficiência energética. IA pode gerenciar o uso de energia em uma fábrica ou prédio comercial, adequando máquinas e climatização para minimizar consumo nos picos de tarifa, por exemplo. Em logística e estoques, ferramentas inteligentes definem rotas ótimas de entrega e níveis ideais de reposição. Em suma, ao tornar as operações “mais enxutas”, a IA corta custos e melhora margens diretamente.

 

A Expo Indústria Maranhão 2025 destaca a IA como eixo central de debate e inovação. Qual é a expectativa em relação ao público e aos empresários presentes?

Samy Dana - Estou muito entusiasmado com a oportunidade de palestrar na Expo Indústria Maranhão 2025. O evento deste ano, ao colocar a Inteligência Artificial como tema central mostra uma visão arrojada e alinhada com as discussões mais importantes do momento. Minha expectativa para a palestra é, primeiramente, conectar esse tema global da IA à realidade local e nacional da indústria. Quero mostrar aos empresários, executivos e profissionais presentes como a IA impacta diretamente a economia industrial, quais efeitos já estamos vendo e veremos nos próximos anos em termos de produtividade, modelos de negócio e empregos.

 

Como o senhor vê o papel da Expo Indústria na promoção da inovação e na aproximação entre empresários, startups e o setor público para impulsionar a transformação digital e o uso de IA na região?

Samy Dana - Um aspecto que acho importante destacar é que Maranhão e o Nordeste, assim como outras regiões, não podem ficar de fora dessa revolução tecnológica. A Expo Indústria, ao reunir mais de 50 mil visitantes e 250 expositores, cria o ambiente propício para difundir conhecimento e estimular parcerias em torno de inovação. Espero que minha palestra desmistifique a IA para quem ainda a vê como algo distante, mostrando aplicações práticas que podem ser adotadas por negócios de diversos portes. Também quero provocar reflexões: por exemplo, em que ponto da jornada de transformação digital cada empresa local se encontra? Como alinhar a adoção de IA com sustentabilidade, competitividade e qualificação profissional, que são os eixos estratégicos desta edição da feira. Acredito que esses pilares andam juntos: implementar IA de forma responsável inclui pensar em sustentabilidade (eficiência energética, economia circular), competitividade (uso da IA para ganhar mercado global) e no futuro do trabalho (capacitar as pessoas para trabalharem com as novas tecnologias). Vou enfatizar que tecnologia por si só não traz progresso; o progresso vem da combinação de tecnologia com capital humano qualificado e bom ambiente de negócios. Felizmente, eventos como este contribuem exatamente para isso: aproximar empresários, estudantes, investidores e gestores públicos em torno do debate sobre a inovação. Essa troca de ideias e networking é fundamental para que surjam projetos concretos pós-evento – seja uma empresa tradicional fechando parceria com uma startup de IA, seja um jovem estudante se inspirando a seguir carreira em ciência de dados.

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